quarta-feira, 26 de março de 2014

Fiu, Fiu!


Em mais uma das minhas andanças pela internet, chego ao site do IG e encontro uma enquete.
A pergunta aos internautas é a seguinte (baseada em fatos reais): Como evitar que a mulher seja assediada nos transportes públicos? As opções: a) Roupas menos ousadas, b) Mais segurança e c) Áreas ou vagões exclusivos. 
Tamanha ignorância e retrocesso sugerir que deixemos de usar a roupas que queremos para não sermos assediadas.
Enquanto esse tipo de pensamento existir, a mulher sempre será um ser inferior.
O que eu visto não quer dizer o que eu sou. Se eu quiser ir pelada à rua, simplesmente porque não estou afim de me vestir, nenhum homem terá o direito de sequer encostar em mim, nem mesmo os policiais no momento de me prender por atentado ao pudor.
Alguns homens assediam as mulheres porque vivemos nesse mundo nojento onde o sexo forte impera e faz o que quer com o sexo frágil. Cresceram ouvindo que a mulher é um ser comestível e que ele é um predador atroz.
Este não é um texto feminista, não estou aqui defendendo as mulheres “doa a quem doer”, estou aqui como um ser humano livre, em um país que deveria ser livre.
Estou tentando conter toda minha indignação interna para expressar de uma forma menos dura, que não importa a roupa que eu esteja usando, o batom que eu passei ou o tamanho do meu salto, aqueles que querem esfregar seus pintos órgãos genitais nas mulheres ou passar a mão nelas, devem ser punidos de forma severa.
Segurança é de praxe, deve existir independente do assédio. Vagões exclusivos só servem para afirmar que temos um problema social. A opção “d” deveria ser: Leis que defendam a mulher de um assédio. E quando eu digo assédio, incluo o simples “fiu, fiu” inconveniente na rua, aquele que constrange e que algumas vezes até amedronta.
Para minha desolação total, vejam abaixo a resposta que estava ganhando.
De acordo com 891 brasileiros, as mulheres devem evitar usar a roupa que querem para que não sejam assediadas. Em breve, talvez nos coloquem uma burca e nos proíbam de ir às ruas para evitar estupros.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Redes Antissociais


Navegando na internet, vi uma propaganda de um aplicativo que ajuda o casal a fazer uma “DR”. Com este aplicativo, a mulher pode estar no quarto e o homem na sala e conseguem “resolver” seus problemas sem alterações na voz, lágrimas e sacrifícios. Emocionante, não!? 
Eu realmente gostaria de saber qual foi o exato momento em que deixamos pra lá o nosso lado humano e permitimos que a tecnologia influenciasse em nossas vidas dessa maneira. De certo, ela oferece muitas coisas grandiosas, mas acho que ainda assim eu gostaria de voltar no tempo e impedir o homem de retroceder evoluir tanto assim.
Sinto saudades de uma época em que o receber uma carta de um amigo que mora longe era ainda mais importante do que quantas curtidas sua Selfie tinha no Facebook.
Certa vez, enquanto tomávamos café da manhã, eu e meu marido, eu com o pão na mão e o celular em outra. Ele calado, comendo seu pão, em determinado momento virou-se para mim e disse: - Porque você não escreve um texto sobre como a internet interfere em relacionamentos? Certamente ele estava querendo me atentar para o fato de que eu estava vidrada na rede social em um momento tão importante do nosso dia.
Neste dia fui trabalhar buscando inspirações para falar sobre o tema, mas sempre que escrevo sobre algo eu procuro vivenciar aquilo e sinceramente não gostaria de deixar esse hábito.
À noite respondi a ele: - Não posso escrever sobre algo que não vivo. Não seria sincero nem comigo e nem com os leitores.
O que eu quero dizer com isso tudo é que sabemos o quanto somos manipulados por essa infestação de redes sociais, mas não queremos nos livrar disso, não vou escrever sobre o quanto é ruim passar seu tempo livre de frente para o computador ou celular, ou sobre como se livrar disso, não tenho moral para isso. Mas vou tentar falar para vocês o quanto isso pode ser ruim para nós, se usado em demasia.
Tente se lembrar de quando não existia Whats App. Quando você sentia saudades de alguém, ou queria mesmo só fofocar, o que fazíamos? Pegamos aquele telefone com rodinhas, em que tínhamos que colocar o dedinho dentro dos buracos para discar e ligávamos para nossos amigos, se não prestássemos atenção íamos horas a fio de papo, a gente sabia pela voz do outro se estava tudo bem, se ele estava feliz. 
Quando o Instagram ainda não havia sido inventado, nós tirávamos fotos dos eventos e revelávamos para mostrar aos mais queridos. Não havia necessidade de ostentar nada, de mostrar o prato, de despir a alma. Era ali só uma lembrança de um momento feliz.
Como era gostoso se reunir com os amigos na calçada de casa, reunir para assistir filme, fazer festa americana, cada um levava um prato de comida e a festa rolava até altas horas. Se alguém tirasse uma foto sua bêbada, ia virar chacota entre os amigos e não vergonha no Facebook.
Estamos hoje inteligentemente burros. Como aquele programa de TV em que as pessoas entravam nas cabines e sem ouvir o apresentador escolhiam entre trocar um prêmio pelo outro. Imaginem só: “Pessoas, vocês querem trocar o diálogo com seus filhos por mil curtidas na sua foto no trabalho? –SIIIIIIIIIIIIIIIIM. Vocês trocariam 10 conversas do Whats App por um almoço em família, com todos na mesa e sem telefone? –NÃOOOOOOOOOOOOO.”
Seria cômico se não fosse trágico.
Vamos compartilhar mais sorrisos, mais abraços, beijos. Vamos compartilhar uma vitória, uma conquista, ou até mesmo uma derrota.
A vida real é muito mais divertida, todos sabem disso. E não precisamos nos preocupar em fotografar ela o tempo todo para mostrar para todo mundo. As lembranças devem ficar no coração, serão lembranças mais sinceras e mais eternas. Tudo que fazemos para mostrar aos outros é vão. No final das curtidas o que vai ficar é aquilo que se viveu no momento.  


terça-feira, 18 de março de 2014

Espelho, Espelho Meu


Nós mulheres ao nascer deveríamos receber ao invés de um tapinha no traseiro, um belo espelho frente à face. Mas sabe que eu acho que ainda assim choraríamos? Sortudas seriam aquelas que ao se olhar no espelho, todas descabeladas, roxas e melecadas por aquele líquido gosmento sorrissem, gostassem do que estavam vendo, porque sábias seriam por saber que naquele momento estavam no melhor estado que poderiam dada a circunstância.
Não é o fim do mundo encontrar uns defeitinhos em si mesma e querer sempre melhorar, pelo contrário, devemos sempre buscar o que melhor agrade nosso próprio olhar. Porém, se você se olha no espelho e não consegue sentir amor por você mesma, precisa ficar alerta!
É tão lindo quando encontramos a liberdade de ser aquilo que somos, não digo isso só fisicamente não, algumas vezes a aceitação precisa ser internalizada para que possamos enxergar.
A auto estima aumenta o amor que cada uma de nós carrega por si mesma, é o tal do amor próprio, aquele que irradia, que faz a gente flutuar, sentir borboletas no estômago. Quando a gente carrega esse amor todo dentro de nós, não há mal que nos atinja.
Quando a gente ama alguém de verdade, não permitimos que nenhuma outra pessoa possa ferir o coração do ser amado, nem mesmo diminuir, humilhar, maltratar essa pessoa, não é assim? Pois então, quando a gente se ama, viramos defensoras de nós mesmas.
A sociedade tem um tipo de mulher definido: Ela é branca, magra, heterossexual, trabalha, malha, estuda e é de classe média alta. Nós mulheres, sabemos que existem mil possibilidades de combinação desse estereótipo pré-definido não sei por quem. E daí se você é gordinha, negra, albina, lésbica, magrela e tá afim de sair pelo mundo ao invés de estudar?  Se você gosta de frequentar a academia todo dia, assiduamente, perfeito! Mas se você não gosta de malhar e prefere caminhar no parque, ótimo também! Se você ama se maquiar ou se você odeia, que importa? O que vale mesmo é como você se sente dentro desse corpo. 
Crie um bloqueio com seu amor e não deixe ninguém te ferir. Acorde todos os dias olhe para o espelho e mesmo descabelada sorria. Sorria para você. E antes de sair, olhe para o espelho de novo, ele vai sorrir de volta.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Poema para o amor


Dividir a cama e o coração. Deitar no colo em cima do colchão.
Pegar um edredom bem grande e repartir, ainda que no meio da noite você não queira dividir.
Demorar a dormir só para o dia não acabar, pensar em ir embora, mas logo querer voltar.
Sentir aquela saudade durante o banho, mesmo ele estando logo ali no outro cômodo.
Cozinhar com apreço e carinho, mesmo que ele não coma como você imagina.
Sentir vontade de explodir, mas ao mesmo tempo só querer estar ali.
É como se fosse sempre inverno, com chocolate quente, filme e caramelo.
Sentir que não haverá mais ninguém nesse mundo todo que te faça tão bem.
Usar aquela blusa velha, amarrar o cabelo e ainda ver os olhos dele brilharem por você.
Fazer cócegas, contar piadas e guerra de travesseiro, até para ser criança é preciso não ter medo.
Brigar por ciúmes e vê-lo chorar, é difícil suportar.
Ao fazer as pazes, beijos sem pudor, não existe briga que vença o amor.
Imaginar velhinhos, sentados lá na praça, como é lindo ver que nunca acaba a graça.
Nas dificuldades saber quem procurar, todos nós precisamos de um lar.
As coisas simples que ele te dá, a vontade é de gritar, dizer a todos que ele é seu par.
O amor é engraçado, não faz trato, nem avisa, sorte daquele que percebe sua incrível visita!


terça-feira, 11 de março de 2014

Nossos ídolos não podem ser os mesmos


Ao abrir o site de notícias hoje pela manhã me deparo com a incrível declaração de nosso “Rei” Pelé:
“– Como brasileiro, eu fico triste. Temos duas grandes oportunidades de mostrar nosso país ao mundo com a Copa e os Jogos Olímpicos (em 2016 no Rio de Janeiro). É uma oportunidade para o país ganhar dinheiro, de desenvolver o turismo e é importante que as manifestações não estraguem tudo isso, então vamos trabalhar duro – disse Pelé, em entrevista à agência AFP.” (Fonte: http://www.lancenet.com.br/minuto/Pele-pede-tregua-manifestantes-estragar_0_1099090231.html, acessado 11/03/2014 às 11:03)
Eu, como brasileira, fico como Pelé?
Sinceramente não parei para pensar ainda nos benefícios que a Copa do Mundo poderá nos trazer e talvez por isso eu não seja a melhor pessoa do mundo para escrever sobre o assunto, o fato é que não consigo me calar.
Se por um lado não consegui identificar os benefícios, por outro lado os malefícios eu sei de cór.
Temos milhões gastos nesse evento, que irá acontecer no nosso país em um momento não muito oportuno. Não temos escolas decentes para nossos filhos, nem hospitais capazes de nos oferecer uma esperança de sobrevivência, segurança é item de primeiro mundo e por aqui não temos muita, morrem centenas de inocentes todos os meses, sair para trabalhar virou quase que um esporte radical: Adrenalina pura! Somos roubados pelos bandidos, pelos “mocinhos” e pelo governo. Pessoas ainda passam fome no país do futebol... E não é fome de bola. Nossas ruas são esburacadas, nossos transportes coletivos precários e nossos políticos são umas comédias (Alguns no sentido literal da palavra).
É esse o país que você quer mostrar ao mundo, Pelé?
As manifestações acontecem para que nós, brasileiros, possamos ver o nosso país de uma maneira diferente, elas nos trazem esperança, nos dão a sensação de que não estamos sozinhos nessa luta. Estamos lutando por um Brasil que queremos ver e viver ao invés de mostrar para o mundo.
Nós, brasileiros, ficamos muito tristes. 



sábado, 8 de março de 2014

A irracionalidade nos aproxima da fé


Eu tentei por 4 dias seguidos escrever algo sobre a fé.
Não queria falar nada que fosse clichê ou que tivesse tendência religiosa, quem me conhece sabe que não tenho religião, contudo não canso de propagar a minha fé em Deus.
Escrevi coisas sobre a fé cega, mas concluí que todas elas são cegas, pois a fé, nada mais é do que você acreditar em algo que não vê e então passei a pensar mais sobre a cegueira que atinge milhões de pessoas que acreditam com o coração numa força muito maior do que as que conseguimos enxergar e tocar.
Depois de muito apagar o meu arquivo Word e salvá-lo com algumas palavras soltas sem muita coerência, cheguei a uma única explicação: Para falar da fé, eu preciso em primeiro lugar não ser tão racional, não adianta eu querer usar as palavras certas e dar explicações teóricas sobre como devemos ter fé, em que devemos acreditar veemente ou porque devemos crer naquilo que não vemos. Sim, é preciso não ter explicações, não existe um manual de instruções, não existe racionalidade em crer no invisível.
Deixei de lado toda formalidade e todas as palavras lindas que havia escrito, deixei a minha folha em branco e simplesmente senti. Senti sem regras, sem medos, sem vergonha. E pela primeira vez em minhas escritas eu estava sendo irracional.
A fé nos obriga a sentir dessa forma, em todos os momentos que temos fé não temos medo, existe uma força muito maior que nos sustenta e que não vem de nós, ela vem através de nós. Com a fé nos surge uma coragem de enfrentar nossas dores e a vontade de lutar, mesmo sem saber o que irá ser do nosso amanhã. Não há como sentir tudo isso sendo racional. A racionalidade nos afasta da fé.
Acredito que até mesmo dentro dos Ateus e dos Agnósticos existe uma fé muito grande, mas eles são ligados à razão, o que faz com que duvidem e questionem aquilo que não pode ser explicado.
Normalmente quando passamos por momentos de sofrimento, deixamos aflorar nosso lado mais animal e confiamos nas mãos daquilo que não vemos e que não conhecemos. Eu digo animal, pois os animais são assim, confiam sem conhecer, amam sem esperar nada em troca, apenas acreditando que aquele que lhe estende a mão tem boas intenções e pretende amá-lo também.
A fé, em todas as suas formas e manifestações é o sentimento mais puro, em que depositamos o nosso eu mais verdadeiro e o que mais nos aproxima da paz. 

quinta-feira, 6 de março de 2014

As mulheres do dia


O dia internacional da mulher nasceu de um dia triste.
Operárias de uma fábrica em Nova Iorque fizeram manifestações para reivindicar melhores condições de trabalho e salários equivalentes aos dos homens, que realizavam a mesma função e recebiam até o dobro das mulheres.
A manifestação foi reprimida e as mulheres foram trancadas na fábrica, que foi incendiada. Muitas morreram carbonizadas.
O dia 08 de março deveria ser o dia em que mais uma vez a mulher foi tripudiada, diminuída e atacada ferozmente pelo “sexo forte”.
Não é um dia feliz. É um dia em que todas nós deveríamos ir às ruas e reivindicar melhores condições de trabalhos, salários equivalentes aos dos homens, que muitas vezes exercem a mesma função e recebem o dobro.  Neste dia, deveríamos sair e mostrar a todos que se iludem com uma minoria que os problemas continuam.
Certamente, de 1857 para cá muita coisa mudou, mas dói saber que muita coisa continua igual.
O que muitas não sabem é que nós ainda estamos na luta de direitos iguais, aquela luta de ir à praça e queimar sutiãs, criadas pelas nossas antepassadas ainda não acabou. Tudo bem que não vamos sair por aí queimando nossas roupas íntimas, não pegaria bem, mas nós precisamos lutar todos os dias para termos toda nossa dedicação reconhecida e, sem querer, fazemos isso de forma inconsciente.
Quem aí nunca ficou estudando até de madrugada para entregar o melhor trabalho da turma? Quem não precisou cobrir as pernas ou o peito em uma reunião de trabalho para que pudesse ser realmente ouvida? Quem nunca falou sem medo que não sabe cozinhar e que odeia passar roupa?  Vai dizer que você nunca precisou se defender de algum acéfalo que insiste em dizer que mulher só sabe pilotar fogão?
São resquícios de um tempo que não acabou.
Ninguém vai nos trancar em algum lugar e atear fogo. Mas alguns vão, dentro de casa, sem que ninguém veja, espancar suas mulheres até que sangrem o corpo ou o coração. Essas mulheres não vão se defender, porque não podem viver sem eles, não podem porque a sociedade não lhes deu os direitos iguais que ela conseguiu há muitos anos atrás, naquela praça.
As que forem se defender, terão de contar com a sorte de que eles não a encontrem mais no mundo depois de pagarem sua cesta básica por 1 ano.
Não irão queimar nossas peles, mas queimarão nosso orgulho ao dizer que não podemos trabalhar e que devemos ficar em casa e criar os filhos.
Eles irão esconder nossos rostos por detrás de panos e nos proibir de votar.
Criarão um ritual de isolamento para todas as mulheres no período da menstruação, para que não toquem em ninguém e fiquem enclausuradas sem comida e sem higiene, suscetíveis a doenças e a morte.
Tudo isso acontece todos os dias no mundo, mas estamos preocupadas demais com os direitos que adquirimos somados aos que já tínhamos e não temos sequer tempo de queimar umas peças na esquina.
Neste dia 08 de março, eu estou de luto, e você?

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