quinta-feira, 6 de março de 2014

As mulheres do dia


O dia internacional da mulher nasceu de um dia triste.
Operárias de uma fábrica em Nova Iorque fizeram manifestações para reivindicar melhores condições de trabalho e salários equivalentes aos dos homens, que realizavam a mesma função e recebiam até o dobro das mulheres.
A manifestação foi reprimida e as mulheres foram trancadas na fábrica, que foi incendiada. Muitas morreram carbonizadas.
O dia 08 de março deveria ser o dia em que mais uma vez a mulher foi tripudiada, diminuída e atacada ferozmente pelo “sexo forte”.
Não é um dia feliz. É um dia em que todas nós deveríamos ir às ruas e reivindicar melhores condições de trabalhos, salários equivalentes aos dos homens, que muitas vezes exercem a mesma função e recebem o dobro.  Neste dia, deveríamos sair e mostrar a todos que se iludem com uma minoria que os problemas continuam.
Certamente, de 1857 para cá muita coisa mudou, mas dói saber que muita coisa continua igual.
O que muitas não sabem é que nós ainda estamos na luta de direitos iguais, aquela luta de ir à praça e queimar sutiãs, criadas pelas nossas antepassadas ainda não acabou. Tudo bem que não vamos sair por aí queimando nossas roupas íntimas, não pegaria bem, mas nós precisamos lutar todos os dias para termos toda nossa dedicação reconhecida e, sem querer, fazemos isso de forma inconsciente.
Quem aí nunca ficou estudando até de madrugada para entregar o melhor trabalho da turma? Quem não precisou cobrir as pernas ou o peito em uma reunião de trabalho para que pudesse ser realmente ouvida? Quem nunca falou sem medo que não sabe cozinhar e que odeia passar roupa?  Vai dizer que você nunca precisou se defender de algum acéfalo que insiste em dizer que mulher só sabe pilotar fogão?
São resquícios de um tempo que não acabou.
Ninguém vai nos trancar em algum lugar e atear fogo. Mas alguns vão, dentro de casa, sem que ninguém veja, espancar suas mulheres até que sangrem o corpo ou o coração. Essas mulheres não vão se defender, porque não podem viver sem eles, não podem porque a sociedade não lhes deu os direitos iguais que ela conseguiu há muitos anos atrás, naquela praça.
As que forem se defender, terão de contar com a sorte de que eles não a encontrem mais no mundo depois de pagarem sua cesta básica por 1 ano.
Não irão queimar nossas peles, mas queimarão nosso orgulho ao dizer que não podemos trabalhar e que devemos ficar em casa e criar os filhos.
Eles irão esconder nossos rostos por detrás de panos e nos proibir de votar.
Criarão um ritual de isolamento para todas as mulheres no período da menstruação, para que não toquem em ninguém e fiquem enclausuradas sem comida e sem higiene, suscetíveis a doenças e a morte.
Tudo isso acontece todos os dias no mundo, mas estamos preocupadas demais com os direitos que adquirimos somados aos que já tínhamos e não temos sequer tempo de queimar umas peças na esquina.
Neste dia 08 de março, eu estou de luto, e você?

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