sexta-feira, 21 de março de 2014

Redes Antissociais


Navegando na internet, vi uma propaganda de um aplicativo que ajuda o casal a fazer uma “DR”. Com este aplicativo, a mulher pode estar no quarto e o homem na sala e conseguem “resolver” seus problemas sem alterações na voz, lágrimas e sacrifícios. Emocionante, não!? 
Eu realmente gostaria de saber qual foi o exato momento em que deixamos pra lá o nosso lado humano e permitimos que a tecnologia influenciasse em nossas vidas dessa maneira. De certo, ela oferece muitas coisas grandiosas, mas acho que ainda assim eu gostaria de voltar no tempo e impedir o homem de retroceder evoluir tanto assim.
Sinto saudades de uma época em que o receber uma carta de um amigo que mora longe era ainda mais importante do que quantas curtidas sua Selfie tinha no Facebook.
Certa vez, enquanto tomávamos café da manhã, eu e meu marido, eu com o pão na mão e o celular em outra. Ele calado, comendo seu pão, em determinado momento virou-se para mim e disse: - Porque você não escreve um texto sobre como a internet interfere em relacionamentos? Certamente ele estava querendo me atentar para o fato de que eu estava vidrada na rede social em um momento tão importante do nosso dia.
Neste dia fui trabalhar buscando inspirações para falar sobre o tema, mas sempre que escrevo sobre algo eu procuro vivenciar aquilo e sinceramente não gostaria de deixar esse hábito.
À noite respondi a ele: - Não posso escrever sobre algo que não vivo. Não seria sincero nem comigo e nem com os leitores.
O que eu quero dizer com isso tudo é que sabemos o quanto somos manipulados por essa infestação de redes sociais, mas não queremos nos livrar disso, não vou escrever sobre o quanto é ruim passar seu tempo livre de frente para o computador ou celular, ou sobre como se livrar disso, não tenho moral para isso. Mas vou tentar falar para vocês o quanto isso pode ser ruim para nós, se usado em demasia.
Tente se lembrar de quando não existia Whats App. Quando você sentia saudades de alguém, ou queria mesmo só fofocar, o que fazíamos? Pegamos aquele telefone com rodinhas, em que tínhamos que colocar o dedinho dentro dos buracos para discar e ligávamos para nossos amigos, se não prestássemos atenção íamos horas a fio de papo, a gente sabia pela voz do outro se estava tudo bem, se ele estava feliz. 
Quando o Instagram ainda não havia sido inventado, nós tirávamos fotos dos eventos e revelávamos para mostrar aos mais queridos. Não havia necessidade de ostentar nada, de mostrar o prato, de despir a alma. Era ali só uma lembrança de um momento feliz.
Como era gostoso se reunir com os amigos na calçada de casa, reunir para assistir filme, fazer festa americana, cada um levava um prato de comida e a festa rolava até altas horas. Se alguém tirasse uma foto sua bêbada, ia virar chacota entre os amigos e não vergonha no Facebook.
Estamos hoje inteligentemente burros. Como aquele programa de TV em que as pessoas entravam nas cabines e sem ouvir o apresentador escolhiam entre trocar um prêmio pelo outro. Imaginem só: “Pessoas, vocês querem trocar o diálogo com seus filhos por mil curtidas na sua foto no trabalho? –SIIIIIIIIIIIIIIIIM. Vocês trocariam 10 conversas do Whats App por um almoço em família, com todos na mesa e sem telefone? –NÃOOOOOOOOOOOOO.”
Seria cômico se não fosse trágico.
Vamos compartilhar mais sorrisos, mais abraços, beijos. Vamos compartilhar uma vitória, uma conquista, ou até mesmo uma derrota.
A vida real é muito mais divertida, todos sabem disso. E não precisamos nos preocupar em fotografar ela o tempo todo para mostrar para todo mundo. As lembranças devem ficar no coração, serão lembranças mais sinceras e mais eternas. Tudo que fazemos para mostrar aos outros é vão. No final das curtidas o que vai ficar é aquilo que se viveu no momento.  


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